Hikikomori e Transtorno Esquizoide

A condição conhecida como Hikikomori, caracterizada por um isolamento social extremo e prolongado, pode compartilhar muitas semelhanças com o transtorno de personalidade esquizoide (TPE). Embora o Hikikomori seja muitas vezes interpretado como uma reação ao estresse social, cultural ou acadêmico, é possível que, em alguns casos, ele seja uma manifestação comportamental de um traço de personalidade esquizoide. Pessoas com TPE tendem a evitar interações sociais, preferindo uma vida de isolamento e introspecção. Elas têm dificuldade em se conectar emocionalmente com os outros e frequentemente experimentam o mundo através de um distanciamento emocional profundo, o que poderia explicar parte da dinâmica por trás do comportamento de isolamento voluntário que vemos no Hikikomori.

Um traço central do transtorno esquizoide é o desejo de evitar interações sociais por uma falta de interesse genuíno nessas relações, diferentemente de outras condições, como a fobia social, onde o isolamento é impulsionado por medo ou ansiedade. Indivíduos com TPE tendem a criar um “falso self” para interagir minimamente com a sociedade, enquanto seu verdadeiro eu permanece distante e desconectado. Esse padrão pode se alinhar com o comportamento de muitos Hikikomori, que podem evitar o contato externo não apenas por medo, mas por uma sensação de apatia em relação ao engajamento social, preferindo se manter isolados em um espaço mental e físico onde se sintam mais à vontade com sua introspecção e autonomia emocional.

O isolamento esquizoide pode agravar o comportamento Hikikomori à medida que a desconexão emocional e a ausência de relacionamentos significativos reforçam o ciclo de afastamento. A estrutura do transtorno de personalidade esquizoide pode levar essas pessoas a desenvolverem uma vida interior rica, porém desprovida de interações sociais saudáveis, o que se alinha às descrições de muitos Hikikomori. Compreender essa possível relação pode ser um passo importante para tratar os Hikikomori não apenas como uma resposta situacional à sociedade, mas como uma adaptação psicológica mais profunda que exige uma intervenção terapêutica apropriada para ajudá-los a reintegrar o mundo de maneira gradual e saudável.

Este vídeo abaixo fala muito bem sobre o tema: