Minha Tentativa Fracassada de Suicídio

Aviso: Esse tópico possui conteúdo sensível para certas pessoas, se ficar desconfortável para de ler imediatamente.

Fiquei sem luz e sem internet por um mês, porque não consegui pagar a conta, sem nenhuma distração passei vários dias sem sair da cama e dormir se tornou um entretenimento, sempre lembrava dos meus sonhos, alguns eram molhados e outros lúcidos, nos quais eu conseguia manipular tudo ao meu redor como um ser divino, esses sonhos eram incríveis e me senti um grande psiconauta ao navegar por lembranças, jogos e animes que formavam meu subconsciente.

Por mais entediante que fosse eu tentava me distrair assim, porém um dia tive paralisia do sono e foi uma experiência assustadora, estava no meio de um sonho molhado, em vez de um lúcido, minha succubus preferida com lingerie preta na cama, quando fui começar o serviço acordei de repente, mas não conseguia me mexer e nem abrir os olhos. Quando finalmente consegui, estava uma velha com longos cabelos brancos, pele cinzenta e olhos claros de cócoras em minha cama, seu olhar era tão gélido e penetrante que senti como se minha alma fosse ser engolida. Foi um breve instante e quando pisquei os olhos ela não estava mais lá, pensei que fosse apenas um sonho, porém comecei a ter a mesma experiência por uma semana inteira, todos os dias e não conseguia mais dormir.

Passei alguns dias sem dormir e estava perto de delirar, tive a mais profunda crise existencial da minha vida e pensei o quanto ela poderia ter sido diferente se eu tivesse coragem e motivação para enfrentar o mundo, lembrei de memórias queridas da infância e desabei em lágrimas. Percebi que desperdicei minha única vida, minha única oportunidade de ser algo em vez de nada, o dilema de querer ser algo e não poder ser nunca me torturou tanto. Um voz sussurrou: sua vida é sem valor e você não é digno de viver nesse mundo. Peguei uma faca, cortei meus pulsos e joguei sal sobre as feridas para sentir meus braços ardendo, até hoje tenho as cicatrizes, entrei no chuveiro e comecei a gritar e chorar enquanto a água escorria, rugia como uma besta selvagem. Desliguei o chuveiro, peguei todo o papel que encontrei, tranquei a porta e a janela do banheiro, ascendi uma fogueira com álcool em gel e um palito de fósforo, me deitei ao lado da chama azul e esperei o monóxido de carbono cumprir seu papel e me finalizar de forma indolor. Desmaiei por uma hora e realmente pensei ter morrido, só que acordei de repente e havia apenas uma massa negra de papel queimado do meu lado, parece que não coloquei papel o bastante na minha fogueira e infelizmente parte do gás saiu por debaixo da porta.

Sou burro demais até para me churrascar! Não foi dessa vez, fiz um bico de entregador e consegui pagar a conta de luz e internet, vi que minha crypto subiu e assim não poderia mais me preocupar com isso por um bom tempo. Nunca mais vi a velha e nem a succubus, quando não durmo direito, por estar jogando ou vendo anime, não consigo lembrar dos meus sonhos. Essa foi a primeira vez que eu tentei fazer algo assim, antes disso só fiquei pensando sobre. Eu era tão imaturo antigamente, alguns dias sem minhas drogas virtuais e já surtei tanto assim!

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Abandona isso de anime. Não vale a pena.

Você realmente não entende

Eu não sou um “fracassado” por ver anime, eu vejo anime porque sou um “fracassado”. Eu já desconstruí o conceito de fracasso e sucesso, não possui nenhum peso na minha consciência: passar os finais de semana no quarto ou em festas, tanto faz. Eu posso ser pobre, mas consigo me sustentar sozinho e sem sair de casa, desde que os meus pais morreram, e estou muito feliz com minha vida de eremita, além disso não quero ter filhos, não transmitirei a nenhuma criatura o legado de minha miséria. Uma vez que minhas necessidades básicas são satisfeitas por meu próprio labor, qualquer crítica ao meu estilo de vida não passa de moralismo. Você deveria ler meus outros posts para ter uma visão mais completa acerca de minha excentricidade.

Consciência e reflexão, durante a maior parte da história, eram coisas da elite militar ou cognitiva, as massas não pensam sobre a origem do universo ou sobre estética, apenas sobre trabalho e morte. Entretanto, a indústria cultural banalizou a estética e a reflexão para entreter e controlar as massas agora ociosas, nossas identidades são marginalizadas e reduzidas ao lazer e ao intervalo de um trabalho de desprezamos, satisfazer necessidades básicas continua a norma. Temos acesso a todo o conhecimento humano e, em vez dele, preferimos não só o prazer efêmero, como também a imaginação alienada das mídias que regurgitamos, realmente nem todos são dignos do conhecimento e da imaginação. Na era da mediocridade resta apenas o consumo conspícuo, o entretenimento e o gozo estéril, por mais que nossas magias tecnológicas nos convidem para as estrelas, o tipo grandioso não pode ser produzido na esteira de uma fábrica e a mediocridade se espalha como uma praga. Eu me recuso a ser um soldado de nossa patética burguesia ou daqueles que desejam o lugar dela.

Anime ou morte! Eu descobri que era um fracassado aos 18 anos e em vez de tentar escapar da miséria, apenas a racionalizei e a dissolvi com meu ácido niilista. Talvez minha situação fosse diferente, porém jamais seria o bastante, pois sei que meu verdadeiro sonho nunca irá se realizar, eu não fui escolhido, eu não sou o protagonista, não consigo ser nem um figurante. Uma mente tão flagelada por espectros, angústias e questionamentos jamais será satisfeita, eu não sirvo para ser soldado e nem mercador, não recebo ordens e não falo a língua do povo. O intelecto sem um espírito robusto cai por seu próprio peso, não para de se auto sabotar. Não vou negar que ainda resta em mim, apesar de meu sentir como um cadáver podre, uma centelha de esperança, uma chama que me faz querer seguir em frente, enfrentar as adversidades e não sucumbir diante daqueles que me percebem como um rato.

Eu sei que o Japão é um país decadente em fase terminal, eu sei que todos os seus grandes homens estavam mortos em 1945, porque a guerra poupa apenas os covardes. Eu sei que em 2025 os filhos desses homens honrados morreram, a economia não cresce e o mercado de tecnologia é dominado pelos EUA ou pela China. Nesse sentido, é perceptível como a indústria cultural se torna um mecanismo de controle social: nós precisamos manter esses fracassados concentradas em coisas que não existem, caso contrário, poderiam ser bucha de canhão de nossos opositores. Eu não tenho onde morar e nem esposa, mas pelo menos posso CONSUMIR todo esse conteúdo anestésico e esquecer que no espelho vejo apenas uma barata. Homens verdadeiramente inteligentes não se entregam a esses tipos de pensamentos ou passatempos, nem sequer cogitam, eles avançam sem parar rumo ao poder, ao dinheiro, ao sexo e a verdade. Isso quer dizer que eu era um perdedor desde o início por me tornar dependente. Essa é a seleção artificial que a sociedade industrial impõe sobre seus membros, não há misericórdia para os menos favorecidos em força, beleza e intelecto, não confunda o sintoma com a doença.

Eu também sei que essa doença asiática já é pandêmica e dificilmente poderá ser chamada de asiática. A maioria dos animes é insuportável para pessoas com mais de 15 anos, com raras exceções, vemos apenas pelo hábito ou pela curiosidade. O vício não me levou ao fundo do poço, eu o encontrei na lama enquanto estava lá. Ainda assim, é melhor ser viciado em anime do que em pornô ou em jogos competitivos, o hit de dopamina e a necrose mental é bem menor. Eu odeio auto-ajuda, coaches, mentores e todo esse misticismo popular de que o mindset certo trará o sucesso: não desista gambare! Novamente, eu não me arrependo da jornada, porque ela me fez quem eu sou, as pessoas falam em alternativas e apenas transformam suas frustrações e fantasias em conselhos, eu sei desde o início que não há alternativas.

Rituais alquímicos para a apoteose neoliberal, essas são as expressões do pobre feiticeiro sofista que digita esse texto, um mago reconhece outro. Eu sempre percebi a linguagem tanto matemática quanto literária/verbal como uma forma de bruxaria, porque é o espírito movendo e moldando a nossa percepção sobre a matéria e até ela mesma. Minhas sequelas são fantasmas que nunca me deixarão levar uma vida normal, eles sussurram e sussurram e me lembro que nunca serei quem quero ser. Se não posso ser quem quero ser, prefiro não ser: as animações que vejo estão mais vivas do que eu que não estou. Ninguém lucra diretamente com isso, além dos meus provedores de internet, estou sempre de adblock no piratex. Morto não chora, não sofre, não se alegra, não regozija, porém sou um zumbi e ainda tenho uma vontade.

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Vc nao entenderia oque ele passa ,tu é uma garota normie👻

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Isso foi um deboche?

Eu não passo por nada e mesmo que passasse, minha vida é a definição de enfadonho, sem dramas, sem aventuras, sem flores e sem risos. Por isso, uso as palavras para conjurar todos esses feitiços e muitos deles se voltam contra mim, apesar de já ter passado por dificuldades reais, mal consigo me lembrar delas. Nada nunca acontece e está bom assim, mesmo se acontecesse eu não poderia obter o que eu desejo. Todo mundo é normie para mim, a menos que você seja um criminoso ou um monge, a única coisa que os normies possuem e eu não é uma vida social: círculo de intrigas, inveja e falsidade, multidões que sufocam, nos fazem suar ao mesmo tempo que congelam.

Eu não peço por sua compreensão, mas sempre vai ter resposta pq eu sou NEET, exatamente pelo fato de eu não passar por nada eu quero ser entretido. Eu não consigo olhar nos olhos das pessoas e nem falar com mulheres, pois não tenho assunto em comum e tenho uma aparência horrível, sou esquisito, causo tanto asco e repulsa que posso ser tratado como assediador apenas por falar bom dia. Quando eu saio de casa, uma vez por mês para fazer as compras, penso que todos estão me olhando e que zombam de mim pelas costas, há um alvo em minha testa e cada riso que testemunho parece estar relacionado a minha condição abominável, logo nem consigo manter a postura quando caminho, também tenho medo quando homens e mulheres maiores e mais fortes do que eu passam perto de mim.

Ainda assim, com toda essa ansiedade, nada acontece e retorno tranquilamente para o meu quarto, todos os dias são assim, acordo vou para o PC e durmo, acordo vou para o PC e durmo. Gosto de jogar jogos de mapa e já vi uns 20 animes diferentes só esse ano, raramente preciso aliviar meu excesso de fluidos corporais, caso contrário, terei muitos sonhos molhados e as succubus vão me visitar. Noite passada, uma vez que não eliminei meus fluidos há bastante tempo, sonhei que a succubus me violava, extraindo forçadamente minha semente.

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Eu como alguém que já teve uma tentativa fracassada de suicídio sei o quão frustrante é. De fato, para pessoas como nós que não temos muito ao que se apegar na vida, ficamos reféns da internet e de distrações para fugir dessa realidade deplorável, imagino o quão merda foi passar por isso.

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Q brisa é essa de Sucubus veiKKKKK

Infelizmente, eu fui viciado em pornografia durante grande parte da minha vida, costumava tocar 2 ou 3 por dia algumas vezes, outras vezes eu passava horas vendo um vídeo após o outro e só me tocava quando meus olhos ardiam, devido à exposição exagerada às telas. Essa mídia erótica infestou e corrompeu meu inconsciente, com o golpe final vindo dos animes, qualquer tipo de anime, menos hentai, porque sempre achei bizarro e nunca tive vontade de assistir. A succubus surge quando o rosto de uma atriz de filmes adultos se funde com o corpo de uma garota de anime ou quando o rosto da animação se funde com o corpo da atriz, sendo o último o caso mais frequente. Elas aparecem rapidamente nos meus sonhos praticando atos libidinosos e quando acordo estou sujo, muitas vezes só acordo sujo e nem lembro de sua presença, mas sei que me visitaram. Os corpos das minhas atrizes preferidas e das minhas personagens preferidas se mesclavam no templo de Morfeu, assim as succubus nasceram e passaram a me atormentar.

Isso começou há alguns anos quando descobri o nofap e consegui me libertar do vício, porém meu corpo já estava acostumado a liberar excesso de fluidos e a poluição noturna começou a me afetar frequentemente. Mesmo sem ver nenhum tipo de conteúdo sexual ao longo do dia, quando passo muito tempo conservando meus líquidos, essas habitantes do meu subconsciente tóxico aparecem para extrair minha semente. Elas apareceram tanto que inventei nomes e comecei a anotar seus traços físicos, não acredito que sejam um fenômeno sobrenatural, apenas um resíduo psíquico, algo que Jung ou Freud explicariam. Escrevo sobre isso com a finalidade de tornar esse tipo de experiência mais conhecida e também conhecer mais pessoas que já passaram por isso, quero muito descobrir uma forma de me livrar dessas entidades, porque odeio lavar roupa suja e acordar de madrugada.

Confesso que, no começo, esse aspecto do meu subconsciente pareceu aprazível, como sou virgem, isso era o mais próximo que já cheguei do ato sexual, mas se tornou tão frequente ao ponto de ser insuportável. Eu quero me libertar dessas criaturas, eu preciso descobrir uma forma eficiente, que não envolva liberar fluidos ao longo do dia, como eu fazia no passado. Se achar que esse tema é bastante sensível ou surreal, não recomendo ler meu outro tópico catalogando os tipos de succubus. Aliás, a succubus nem é o foco desse texto, apenas mencionei para afirmar que, desprovido de conexão com o meio digital, decidi buscar por entretenimento nos sonhos e até apreciar a companhia dessas beldades etéreas. Precisava fugir de uma realidade inconveniente.

“grandes homens do Japão” vc quer dizer os fascistas japoneses que consideravam chineses e coreanos como raça inferior?

Sua visão de “grande homem” é só idealização romântica, sai dessa cara. Sempre há interesse de grupos sociais que escolhem e consolidam os tais grandes homens.

Se vc não for um troll, eu só te digo um coisa

Vc sente um prazer enorme no fatalismo e na própria lamentação, isso é óbvio. Se colocar como um “fracassado” e se rebaixar é só um modo pra vc aumentar esse prazer. Vc deseja manter esse mesmo comportamento pq no fundo acha uma delícia.

Sla cara, se rebaixar assim não te trazer nada de bom além disso

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Eu sei que o conceito de “grande homem” é problemático para alguns, já que envolve ações que violam o dogma dos direitos humanos e, por isso, são percebidas negativamente pelo mundo pós Nuremberg. Eu usei o termo para se referir a concepção japonesa de grande homem, desde os primórdios de sua sociedade, com o propósito de constrastar os japoneses do presente com os do passado, não necessariamente foi uma avaliação positiva ou um elogio ao imperialismo japonês.

Japoneses, coreanos e chineses são bastante próximos geneticamente, por isso a noção de raça inferior não faz o menor sentido. Os japoneses usaram isso apenas para justificar sua supremacia no contexto asiático, visto que a China, historicamente, assumiu o protagonismo que o Japão buscava na região. Os japoneses ainda precisavam de recursos naturais e mão de obra para competir com as potências europeias, foi a primeira vez que uma nação não europeia foi capaz de enfrentar o Ocidente em posição de igualdade, depois da revolução industrial. Além disso, essas ideias eugenistas eram bem populares no Japão no começo do século XX, até os anos 1990 os médicos ainda podiam esterilizar pessoas consideradas defeituosas sem consentimento. Porém isso não tem nada a ver com meu texto, foi só uma digressão. Aliás, os fascistas nunca tomaram o poder de fato no Japão e só existiram por um curto período de tempo, o país não foi propriamente fascista na maior parte da era Meiji/Showa, a maior parte dos grupos fascistas nunca conseguiu grande destaque, muito menos comandar. Eles usaram técnicas fascistas no governo?

De qualquer forma, eu considero o fascismo como algo historicamente situado e não apenas racismo + imperialismo. Países Revisionistas muitas vezes recorrem a essas ideias para gerar coesão social, assegurar objetivos geopolíticos e desenvolver a economia rapidamente, está longe de ser uma invenção de Satã. De fato, grande homem é uma idealização romântica que se difunde pelo interesse de grupos, porém eu sempre preferi idealizações a minha própria vida.

Entretanto, eu tenho certa admiração pelos japoneses do passado, não por cometerem crimes de guerra, mas por seu espírito persistente e combativo, tanto no campo científico/industrial, quando no campo militar, por seu gosto pela vida e desejo de expansão e vitória, completo oposto de um hikikomori, o qual se aliena pela ficção, é apático, deprimido e distraído por prazeres efêmeros. Eles se moviam de forma fanática em relação a um objetivo, enquanto minha mente está sempre nas nuvens, atrás de abstrações e de uma imagem universal inviável. Eles pertenciam a um lugar, enquanto eu não pertenço a lugar nenhum. Eu sei que não há lugar para esses homens no século XXI, a história nunca se repete, isso está longe de ser uma aspiração reacionária, apenas um reconhecimento de formas de vida mais belas que a minha e que, ainda assim, não são imunes à ruína e à degeneração, já que seu projeto fracassou.

Eu não estou me rebaixando e não desejo ser rebaixado, eu já nasci rebaixado e apenas tomei consciência dos fatos. Eu sinto prazer em SABER que eu sou rebaixado e não EM SER rebaixado, porque eu já tive todos os sonhos do mundo e em nenhum deles eu era rebaixado. Sempre é preciso ter um certo amor por sua condição, sem amor é impossível continuar a viver, se eu não amasse saber que sou um fracasso, minha tentativa de S já teria sido bem sucedida. Eu lamento exatamente por ser um NEET e não ter nada para fazer, esse é o fórum dos hikikomoris, eu percebo o lamento como uma forma de arte e não como o próprio prazer, talvez lamentar seja meu único talento. Aliás, eu nem me considero realmente um fracasso, porque já desconstruí esses conceitos em outros tópicos, ser um sucesso ou fracasso, de acordo com as expectativas sociais, pouco me importa.

Eu não sou um fracasso para a sociedade, eu sou um fracasso para os meus ideais de experiência humana, somente ao lamentar eu posso me sentir realmente vivo, eu choro pelo mundo e o mundo não chora por mim, eu finalmente assumo o protagonismo e deixo de apenas reagir aos estímulos ao meu redor, exatamente pelo fato de esse choro ser metafísico e não apenas uma reação a algo ruim que me aconteceu, eu choro pela vida e por todas as coisas, não pelos infortúnios ou glórias que nunca me acometeram, mas por saber que eles existem.

Eu tenho comida, teto e WI-FI, não preciso de mais nada, não tenho nada para reclamar de verdade, isso me basta, isso é o meu bem, de um ponto de vista individual eu não lamento e nem me rebaixo, eu lamento pelo todo e não por mim, somente os vivos lamentam por suas vidas. Isso é uma forma de terapia, uma forma de escapar da monotonia e, acima tudo, a única forma que eu conheço de assumir uma postura ativa diante da vida, desnudada pelo feitiço de minhas palavras. Eu rebaixo a vida a um objeto de meu lamento e de minha piedade, em vez de um objeto de consolo e de desejo, eu a conquisto por não a conquistar, por não cumprir seu imperativo: conquistar. É assim que os acetas do passado pensavam e apenas transplanto essa “doença do espírito”, que é contrária a natureza, para o contexto atual, vivo lamento por mim, morto lamento por tudo.

Não tenho dinheiro, nem mulheres e nem poder, meu único prazer só pode estar em saber que nenhum destino sublime me aguarda, eu soube disso bem cedo e evitei esforços fúteis, eu nasci sem inteligência, sem talento, sem beleza e sem recursos, eu nasci para ser só mais um soldado da burguesia brasileira. Se não for para cumprir um destino sublime eu prefiro não cumprir nenhum, nada além de platinar jogos e terminar animes. Que tipo de troll escreveria tanto assim e com tanta profundidade para explicar sua condição? Eu nem quero engajamento, apenas registrar meus pensamentos, como um diário ou algo do tipo, porém sempre preciso esclarecer tudo minuciosamente para ninguém interpretar errado. Talvez isso seja apenas uma fase e eu pare logo com isso, porque já falei tudo que precisava, já pensei em começar uma Light Novel. Se não fosse agradável pensar assim, eu nem levantaria da cama e esperaria pacientemente por minhas succubus.

Vou ser bem clara e sincera.
Os assuntos vão ser meio atravessados com o tópico, mas é o que observei.

Succubus se trata de um demônio, e ele destrói a sua vida aos poucos. Simples assim, algo que você já sabe. Ou você acredita nisso e toma uma atitude, ou desacredita continua na mesma, não tem outra opção.

Não sei que idade você tem, mas é bem perceptível a quantidade de coisas que você pensa, e a forma como você mesmo se afunda nisso.

É maravilhoso você estar na sua própria bolha, bem confortável, criando histórias fictícias enquanto trás aspectos delas à realidade, só que isso vai se estendendo, e você perde totalmente a noção de quem você é (se enxerga de maneira distorcida), enxerga os outros numa perspectiva irreal (e pode jurar que tá certo sobre isso), pensa sobre tudo, o quão “inteligente e diferente” é, mas age sobre nada. Não tem visão da verdadeira realidade, não por ser “burro”, mas por não ter a oportunidade, nem conseguir. E aí coloca todo pensamento distorcido em palavras com boa gramática pra se expressar aos outros, se engrandecer, ou sentir pena de si mesmo. Um desses três.

O que significa agir? Começa no seu pensamento, que vem da forma que você enxerga as coisas negativamente, inclusive a si mesmo, que vem de experiências ruins, que vem de situações ruins, e continua pelo medo.

Talvez eu esteja errada? Mas até onde eu saiba, hikikomoris tem fobia social. Ou seja, medo de ser humilhado, julgado, esquecido, mal amado, e tudo aquilo que é desagradável que provém dos outros.

Só que o medo paralisa, atrasa, e não tem como vencer o medo se você não se colocar em risco de passar vergonha, rejeição, ou similares.

Percebo que você escreveu muito sobre poder, prazer, posição política, e outros tópicos complicados. Seu raciocínio tá corrompido por uma mistura de tristeza, raiva e orgulho. A ordem é exatamente essa: acumulativo, destrutivo, autodestrutivo.

Já que gosta tanto de citar filosofia, pesquise sobre Diógenes, que além de se opor à luxúria, se apegava a autodisciplina, e tentava formas de não se importar com julgamentos alheios (ironicamente, ele andava nu às vezes, pra se acostumar com os olhares estranhos, e na prática, na vida é mais ou menos isso, você se acostuma a se colocar em situações que podem te rejeitar. Na verdade, em uma boa porcentagem das vezes, sofremos antecipadamente com coisas que nem vão acontecer, mas dane-se, esse é o contexto).

Voltando a Súcubos, você está dominado por esse tipo de demônio, e trata como algum tipo de “pecado de estimação” com muita convicção e orgulho que isso é agradável pra si. Sinto muito, porque é sua fraqueza humana e vai continuar sendo explorado se aceitar naturalmente.

Digo por experiência, e não se acostume com isso, rejeite, pois se pesquisar sobre isso em aspectos espirituais, vai ver que existe até mesmo “casamento” imaginário com essa criatura maligna, onde você vai ter ótimas noites de sonhos eróticos, mas manhãs/tardes cansativas, sem energia, cheias de azar, e a sua vida financeira, familiar, e social vão ladeira abaixo. É uma troca, queira acreditar ou não.

Não se veja tão negativamente, porque a forma que você se vê não é a mesma que os outros te enxergam. Todo mundo é diferente, e tem fragmentos de perspectivas diferentes. Deixe as pessoas te conhecerem e se acostumarem com suas estranhices, defeitos, atitudes. E aí, você faz sua parte e se acostuma com as esquisitices delas também.

Entenda que mesmo se todo mundo te visse como você pensa que é (o centro das atenções negativas), Deus ama você, e não, isso não é sobre religião, antes que se revolte.

Por sinal, conheço a linha de pensamento do hikikomori. Totalmente negativa e autodestrutiva. Se alguém argumentar, tudo o que você vai pensar é: “se essa pessoa fala como se fosse fácil, então não sabe de nada da situação.”

Passei por um período (anos) em que animes, jogos e imaginações eram minha vida, a realidade era irrelevante, e até hoje é (só que de uma forma diferente). Repeti 3 anos do ensino médio por isso. Fiquei uns 13 anos sem amizades de colégio nem nada, desenvolvi uns tiques e manias estranhas por conta da ansiedade. Mas a diferença é que atualmente, ao invés me encolher e parar a minha vida por medo/julgamentos, eu vou trabalhar e tentar socializar mesmo assim. Se tem alguma linha que eu ainda não posso cruzar por medo (com falar em público), ou passo uma situação vergonhosa por causa desses “tiques”, falo pras pessoas da minha dificuldade, explico que ainda não posso superar isso tão fácil, e elas entendem. Então faça isso, explique suas dificuldades as pessoas e ao mesmo tempo tente vencer elas vagarosamente. Mudança não é da noite pro dia, mas começa sempre com você, rejeitando não a si mesmo, mas a sua situação estagnada.

Espero que isso seja útil de alguma forma. Boa sorte.

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Parabéns pela iniciativa e autoconsciência!

Engraçado como a ação no mundo é literalmente a cura para o aprisionamento no cérebro.

“A mente é um excelente servo, mas um péssimo mestre.” – Robin Sharma.

A mente seria serva de quem? Conseguem identificar suas próprias essências?

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Excelente comentário, muito obrigado por escrevê-lo, finalmente alguém teve alguma noção, mesmo que imperfeita, da moléstia que me acomete.

Eu faço isso para me engrandecer, para me menosprezar, para passar o tempo e para me expressar ao mesmo tempo, não é apenas um dos três. Tenho 25 anos e no período escolar tinha apenas tendências hikikomoris, apesar delas, nunca sequer tirei notas baixas em nenhuma disciplina, muito menos reprovei, não sei se minha escola pública e periférica era muito fácil ou eu só era acima da média. Nunca fiz amizades, porque os jovens da minha comunidade só gostavam de futebol, bailes e bebidas, muitos deles eram ligados ao crime e usavam drogas. Eu era incompatível com essas pessoas e os meus pais não me incentivavam a sair de casa para socializar com essa gente, logo eu só frequentava a escola para almoçar de graça, me tornei 100% NEET quando consegui a independência financeira por meio de negócios online.

Não acho que haja um valor intrínseco na ação, em ser manipulado pela Vontade. As história que crio, a mídia que consumo e as memórias que possuo sempre pareceram mais reais que a experiência imediata, o mundo ao meu redor sempre foi patético e deprimente. Eu não perdi a noção de quem eu sou, pelo contrário, eu contemplei demais meu próprio ser e encontrei um nada, que ao mesmo tempo é o todo, eu encontrei uma complexidade imensurável e uma voz rouca que dizia: preciso comer. Quanto mais eu descubro quem eu sou, menos eu sou, mais incompreensível é minha subjetividade, tudo que eu sei sobre mim é que não sei nada sobre mim.

Se você fala sobre a realidade aparente, do trabalho e do cotidiano, da vida social, aquela que todos conhecem, admito que não a compreendo. Sempre tive olhos apenas para a verdadeira realidade: a luta implacável pelo tudo daqueles que lentamente se afogam no nada. Todo raciocínio que envolve palavras e conceitos é distorcido por tristeza, raiva e orgulho, a razão é escrava de nossas paixões. Se já tive um pensamento autodestrutivo é pelo fato de não poder destruir os outros, por rejeitar o sadismo, em tempos pacíficos os homens conflituosos destroem a si mesmos. Que bom que conseguiu superar os seus medos, mas eu simplesmente não quero e não preciso superar os meus, tentar é uma perda de tempo e mesmo que conseguisse algum avanço, eu seria ganancioso, tentaria avançar mais do que posso, estaria preso no sistema e afetado pelo descontentamento, até a ruína me encontrar. Eu já amo minha vida e não há nada que me force a mudar, eu não lamento por mim, mas pela própria condição humana imperfeita.

Eu não acredito eu succubus e se acreditasse só conseguiria pensar em um exorcismo. Qual é o melhor método, na sua opinião, para eliminar as succubus?

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Exatamente. São vários fatores, mas o trabalho principalmente, é essencial, quando estamos numa situação de necessidade ou obrigação, acabamos enfrentando situações com ou sem medo e gradualmente acostumamos à realidade.

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Ah, infelizmente você já está preso no sistema. Mas ao se isolar nos próprios pensamentos, você vai estar se privando ainda mais dos únicos direitos que você tem na vida.

Hum, entendo… Você cresceu em um ambiente diferente e ficou deslocado. Então você não quer mudar? Tem certeza que está conformado com isso?

Isso, falo também da realidade aparente. Essa mesma, financeira, social, familiar, e tudo mais. Mesmo que te pareça algo falso, seria bom que pudesse ter uma experiência real dela, porque assim você teria como tirar suas conclusões de fato. Seria uma pena não ter as duas perspectivas vivenciadas, até pra questões de conhecimento. Isolamento dá alguns frutos de sabedoria, mas o contrário também.

Depende… Temos visões diferentes, eu acredito que a aparição de Súcubos (em sonhos, imaginações ou até realidade), são fenômenos espirituais malignos que permitimos na nossa vida.
Se me perguntar, pra validar, sim, já tive uma experiência parecida, mas não tão aprofundada como a sua porque expulsei isso de mim antes que piorasse.
Digo isso porque vi algo que me assustou muito, e desde então fui mudando meus hábitos pra que isso não ocorresse novamente.

Há uma frase muito interessante que me fez rever meus hábitos.

“Você só percebe que é prisioneiro do pecado, quando tenta se livrar dele.”

Porque quando tentar parar, não vai ser tão fácil quanto parece.

Se você quer tentar uma solução que não inclua espiritualidade, recomendo que evite todo e qualquer tipo de conteúdo erótico ou insinuante, do mais simples até o mais óbvio. Não se conforme com isso, ou vai estar dando passagem livre pra que isso se repita.
Quando estiver se sentindo propenso à isso, faça outra coisa, e acho que uma boa opção é pesquisar.
Você já deve saber e ter noção do que é, mas pesquise mais sobre do que se trata, questione e tente achar respostas pras suas perguntas. “O que é? O que faz? Por que faz? De onde sai isso? Eu alimento isso? Eu preciso disso?”
Tudo isso e mais um pouco.

Além disso, veja suas fraquezas, talvez você tenha um apetite que te leve a gostar disso. Mas se eu estiver errada, basta ignorar. Não acho que exorcismo possa ajudar… Você já tentou? Enfim, não vou me aprofundar nos porquês.

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