O Peso da Solidão e da Revolta

Para continuar vivendo onde estou, preciso pagar por isso. Se tento me relacionar com as mulheres que encontrei pelo caminho, também preciso desembolsar dinheiro — seja para ter algum tipo de relação íntima, seja para receber fotos ou vídeos. Quando busco desabafar, recorro a serviços online de “roleplay de amiga ou namorada”, pois até mesmo conversar com alguém hoje em dia virou algo que exige custo. Às vezes, tento retomar antigas amizades, mas percebo que até nesses casos preciso arcar com algum tipo de gasto para manter o contato.

Parece que só sirvo para alguma coisa quando posso oferecer algo material em troca. Relações sinceras, espontâneas, onde existe afeto ou interesse real, tornaram-se raras ou inexistentes.

Todo final de semana, sento-me sozinho num banco de uma praça movimentada. Estou sempre bem vestido, mas ali permaneço, bebendo em silêncio, apenas observando as pessoas indo e vindo. Esse ritual é, na verdade, um pedido de ajuda silencioso, uma tentativa tímida de mostrar que não estou bem. Mas ninguém percebe, ninguém se aproxima. Nada acontece, como sempre.

De vez em quando, essa situação me revolta. Sinto raiva e me agarro à ideia de que sou melhor do que os outros, como se isso fosse uma forma de defesa para suportar o vazio. Me vejo como alguém injustiçado pela vida. Mas logo corto esse pensamento pela raiz: lembro a mim mesmo que não conquistei nada, que não sou melhor do que ninguém, e que, sinceramente, não me destaquei em nada até agora.

O problema é que essa revolta está crescendo dentro de mim. Fico cada vez mais indignado com a frieza das relações e, aos poucos, sinto vontade de descarregar essa raiva nos outros — seja em palavras, seja em atitudes agressivas. E o que mais me assusta é perceber que esse ódio está aumentando. Não sei onde isso vai dar, e isso me preocupa.

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Pelas suas palavras você tá muito preso dentro do seu ego, então não acho que te dar qualquer conselho ou orientação ajudaria em algo, então quero recomendar a leitura de memórias do subsolo do Dostoievski. Você é um retrato quase perfeito do personagem, e lá ele mostra de forma bem realista, as consequências de se viver e pensar dessa maneira… quem sabe te sirva de motivação para algo. E não precisa pagar pelo livro, dá pra conseguir em pdf facilmente pelo google

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Face ao absurdo da existência, o ser humano tem apenas uma saída para não se render: 𝘁𝗼𝗿𝗻𝗮𝗿-𝘀𝗲 𝘂𝗺 𝗮𝗯𝘀𝘂𝗿𝗱𝗼 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗴𝗿𝗮𝗻𝗱𝗶𝗼𝘀𝗼 𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗾𝘂𝗶𝗹𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗼 𝗵𝘂𝗺𝗶𝗹𝗵𝗮. O homem jamais deve aceitar passivamente as condições que a vida lhe impõe, mesmo quando o levam a desejar a própria morte. Nesse contexto, o ódio não é necessariamente ruim; ao cultivá-lo, é possível encontrar a força que protege da desistência. A rebeldia existencial de não tolerar o fim iminente emerge não da esperança, nem de um mero ato de nobreza ou elevação moral, mas sim de uma resistência fundamental à aniquilação, a afirmação inabalável do ser contra o não-ser.

Essa resistência não é uma escolha fácil, tampouco um caminho suave. É, antes, um 𝗴𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗽𝗿𝗶𝗺𝗮𝗹 que ecoa das profundezas da alma, uma recusa visceral em se curvar ao que diminui, ao que apaga. É a chama que arde quando tudo parece cinza, a teimosia de existir que desafia a própria finitude.