Apenas uma reflexão que gostaria de compartilhar
Às vezes me pergunto a razão de, na era das redes sociais, as pessoas que menos deveriam se preocupar com status e poder são as que mais se preocupam e sonham com isso? Sempre estive ciente das minhas limitações e nunca almejei algo que certamente é inalcançável, porém percebo que as massas possuem uma fé inabalável em mitos “neoliberais” - pela falta de um termo melhor vou com esse mesmo - tanto de direita quando de esquerda. De um lado o normie acredita que treinado nos livros de autoajuda e nos cursos certos poderia executar um ritual alquímico que o trará a apoteose, que é a condição de multimilionário ou bilionário, todos os bens da sociedade foram criados por gênios individuais EMPREENDEDORES do nada ao ser, o Estado só atrapalha, você precisa apenas do mindset correto para vencer! Por outro lado, aqueles com maior formação no meio acadêmico ou apenas engajados no web ativismo acreditam que, pela propagação de discursos vitimários, poderão criar um sentimento de culpa nas elites e receber algumas migalhas com pouco esforço, ao mesmo tempo que modificam normas culturais em benefício próprio.
Posso afirmar que o primeiro grupo possui uma maior chance de sucesso a curto prazo, porém o segundo vencerá gradualmente ao longo das décadas, na medida em que altera normas culturais. Ambos sempre estarão à mercê dos poderosos de qualquer forma, além disso não passam de plebeus com patéticas ambições. Eles acreditam que terão sucesso lendo lixo como Pai Rico e Pai Pobre ou as 48 Leis, eles acreditam que terão sucesso em manifestações e projetos sociais inúteis. Sou um homem negro/pardo e periférico e também um AFROPESSIMISTA, nunca sofri racismo “explícito”, mas sei que ele nunca irá acabar. Até que o povo negro construa sua própria Wakanda, uma civilização negra e para os negros que nos faça abandonar a civilização do homem branco, na qual nós nunca seremos bem-vindos. O próprio conceito de humano, tão importante para a sociedade atual, é forjado na opressão e só existe em contraste com o não humano, o escravo, o objeto.
Alguém precisa ocupar esse constraste, ser esse o “outro” desumano e nós sempre ocuparemos essa posição, a luta contra o racismo só existe por ser tolerada pelos brancos, muitos que a enxergam como uma forma de terapia ou de paternalismo, é o fardo do homem branco de novo e de novo. Não importa quanto dinheiro ganhar, nunca será respeitado, será sempre diferente, eles falam do negro pelas costas e o desprezam mesmo inconscientemente, como mencionado anteriormente: o racismo faz parte da humanidade, a noção de humano sempre irá pressupor um não humano. Campanhas de diversidade e imigração em massa servem apenas para fortalecer a extrema direita e não para resolver uma problemática que nunca será resolvida, lutar contra o racismo, pelo menos como ocorre na atualidade, apenas deixa as pessoas mais racistas e o ódio cresce nas sombras como a ferrugem de um navio. Sangue escravocrata corre nas veias caucasianas desde as estepes da Eurásia até as selvas do Brasil, só podemos fugir para outro lugar e isso não me incomoda nem um pouco, pois o ódio racial gera apenas mais ódio racial. A miscigenação gera ainda mais racismo, uma vez que mestiços mais claros continuarão a confrontar os mais escuros, quando diferentes traços étnicos se encontram o contraste os intensifica e o mestiço, em sua busca por identidade, sempre terá de escolher um. Direitos Humanos são o maior projeto imperialista da história humana, conseguiram superar a cristandade e o islã.
Perdão pelas digressões, estou contente com meu estilo de vida, sou um homem simples, preciso apenas de água, carne, refrigeração, exercícios e internet. Manter esse estilo de vida é o suficiente para mim, a menos que tenha uma esposa cara e decida passar esse modo de vida para os filhos. Como alguém pode querer mais do que isso?
A busca pelo poder sempre terá um caráter sádico, baseado no desejo de oprimir, inferiorizar, subjugar e humilhar os outros, por mais que a civilização avance, a essência do poder é queimar casas, escravizar homens e raptar mulheres. O sadismo pode emergir de um ardente desejo de vingança ou do mero costume: fizemos isso por séculos e continuaremos por milênios. O poder não nos torna sádicos, porém os sádicos estão sempre seduzidos e não vivem sem ele, é preciso estar embriagado pelo desejo de oprimir e conquistar para confrontar as tormentas, as tragédias e os empecilhos que pavimentam a estrada do triunfo. Entretanto, o poder também possui um aspecto masoquista, somos “forçados” a enfrentar tantos intempéries devido aos desígnios da Madame História, sangramos tanto para satisfazer as exigências dessa Senhora. O prazer do masoquista está em saber que sofre e morre diariamente e, ainda assim, recusa perecer, é a latente melancolia de saber que a vitória é impossível, que motiva a busca por poder de certos homens, eles buscam o poder por estarem cientes de que quanto mais nos aproximamos da vitória mais longe ela estará. Para o masoquista, cumprir sua missão histórica é o mesmo que ser açoitado e usado como objeto por sua Mestra, ele sente prazer ao sofrer enquanto faz os outros sofrerem ou talvez nem tenha toda essa autoconsciência e enfrente a dor que o encanta com postura estóica, sempre a negar seu charme.
Será que é tão difícil buscar apenas coisas ordinárias, conhecimento e cuidar da família? Por qual motivo, se não o sadismo e o masoquismo, apostamos nossas vidas por uma chance de deixar o mundo inteiro de joelhos? É tão prazeroso assim ver os homens mais fortes sucumbirem e as mulheres mais belas transformadas em concubinas? É tão prazeroso assim obedecer aos comandos da minha Época, por mais que me façam sofrer e encarar adversidades?